Alô, pessoas que passam raiva quando alguém usa celular durante sessões de cinema. O que andava ruim tem potencial para piorar (muito). E a gente pode culpar o Mark Zuckerberg diretamente por essa. A Meta acaba de lançar um aplicativo chamado Mate de cinema (o nome quer dizer Companheiro de Filme, em inglês) programado especialmente para estimular o uso de smart phones nas outrora escuras salas de projeção.
Trata-se de um chatbot que pode ser programado pelos estúdios para interações entre o conteúdo dos filmes e as telinhas disponíveis nas mãos dos espectadores. Por enquanto, a coisa ainda está em fase de testes, iniciada com uma projeção do filme M3Gan — aquele em que uma robô de inteligência artificial sai dos rumos e vira um perigo para todo mundo. Podemos dizer que foi uma escolha propícia, portanto.
Como funciona o Movie Mate?
Durante a sessão, realizada numa sala de cinema em Los Angeles com setenta pessoas, era possível conversar com a personagem principal do filme por meio de mensagens de texto no celular. Num cenário em que isso se disseminasse, o caminho natural seria a interação evoluir para áudios e vídeos — daí, já sabe, a experiência de ver filmes nunca mais seria igual. Basta observar a quantidade de gente que consome conteúdo em público sem fones de ouvido.
O objetivo de integrar os telefones é atrair espectadores mais jovens para os cinemas, que desde 2019 encaram queda na venda de ingressos devido ao crescimento das plataformas de streamings e a mudança de hábitos provocada pela pandemia.
Venda de ingressos nos EUA nunca se recuperou totalmente da pandemia
A ideia surgiu devido ao comportamento recente de usuários jovens em filmes como Minecraft – dados recentes mostram que quase 20% dos jovens espectadores de 6 a 17 anos já trocam mensagens durante os filmes, apesar de ser proibido pelas regras dos cinemas. A produtora Blumhouse, criadora de M3Gan e outros sucessos do terror, quer captar esse impulso no estilo “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. É possível que o futuro contemple tanto os que gostam de usar celular no cinema quanto os que abominam a ideia. Houve redes de exibidores que recusaram o teste da Meta, por exemplo.
Segundo o New York Timeso Movie Mate se encaixa numa estratégia de Zuckerberg para popular ao máximo a vida cotidiana com chatbots. Por enquanto, houve apenas esta exibição e não há outros filmes da Blumhouse na fila para repetir a integração com o Movie Mate (nem a continuação, M3Gan 2). Mas quando um bilionário dono de big tech decide emplacar alguma coisa na vida das pessoas, geralmente isso acontece. Ou, pelo menos, causa muita irritação durante as tentativas.