Não foram apenas quadros que Emma Valle deixou; foram mundos inteiros gravados em madeiras, azulejo, tela ou qualquer superfície que encontrasse. O trabalho da artista soteropolitana chega à Aliança Francesa de Salvador na exposição Emma Valle na coleção de Dimitri Ganzelevitchreunindo cerca de 40 obras com curadoria do próprio colecionador.
Emma produziu longe do circuito oficial das artes e fez da pensão onde morava, o Cartola Internacional, na Ladeira de Santa Teresa, um ateliê vivo.
As obras trazem orixás, santos, burgueses, barcos e cenas urbanas. Segundo Dimitri, que acompanhou a artista de perto nos anos de 1980 e 1990, cada peça dela carrega um enredo.
“O mundo dela era um mundo muito caótico, mas dentro do caótico, mesmo assim com coerência. Então cada superfície geralmente é muito cheia de detalhes e conta uma história”. Conta o curador. “E ela pegava um pé de mesa e fazia uma pintura em cima, um pedaço de vidro quebrado, um azulejo, uma pedra. Nada resistia à criatividade da Emma”.
Influenciada por experiências visuais à margem, Emma recusava o lirismo da ingenuidade e mergulhava no instinto. Dimitri explica que ela era uma artista que se comunicava por pulsão, e não por técnica.
A amostra marca também a redescoberta da artista, no qual o legado começa a ser reavaliado 25 anos após a morte.
A exposição Emma Valle na coleção de Dimitri Ganzelevitch abre nesta terça-feira (6), às 19h, com coquetel e roda de conversa na Aliança Francesa de Salvador. A entrada é gratuita e a visitação segue até 1 de junho.