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Estratégia e tecnologia: como as mulheres estão tr…

by samurai007@@
Estratégia e tecnologia: como as mulheres estão tr...

Sob o impulso das mulheres e o avanço da tecnologia, a gestão no campo tem se tornado mais estratégica, conectada e diversa. Apesar de serem responsáveis por apenas 8,5% das propriedades rurais brasileiras, atualmente cerca de um terço das posições de liderança no agronegócio são ocupadas por mulheres, segundo  uma pesquisa da agência Macfor.

Luísa Ribeiro é um exemplo desse movimento. Ao decidir voltar à cidade natal de Jaíba (MG) para assumir a liderança da Fazenda Braúna, uma produtora de frutas no Norte de Minas, ela sabia que o desafio ia muito além de dar continuidade ao negócio fundado pelo pai. “ Quando decidi assumir a liderança da Braúna, iniciei a implementação de um modelo de governança mais estruturado, com metas claras, indicadores de desempenho e processos de decisão objetivos”, conta.

A transição ainda está em curso, mas os primeiros resultados já aparecem: mais controle de custos, decisões ágeis e uma equipe alinhada com os objetivos estratégicos. A mudança no estilo de gestão veio acompanhada de investimentos em tecnologia. A empresa passou a utilizar ferramentas de monitoramento e gestão de dados para aprimorar a eficiência e a comunicação interna.

“Utilizamos, por exemplo, cabos aéreos para transportar a fruta dentro das fazendas, biofábricas para produzir insumos biológicos na fazenda e uma composteira que transforma resíduos em adubo orgânico”, diz. Atualmente, ela está desenvolvendo um sistema de controle agronômico que integrará informações de todas as etapas produtivas, gerando indicadores claros e facilitando a gestão de áreas-chave, como mão de obra e insumos agrícolas.

Como legado, Luísa  espera unir o crescimento do negócio ao desenvolvimento da região, com foco em educação, sustentabilidade e inclusão feminina no campo. “Sinto que abrir portas para outras mulheres e mostrar que há espaço para inovação, colaboração e gestão sustentável no campo é fundamental”, afirma.

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Assim como Luísa, Brenda Suelen da Silva faz parte da geração de jovens mulheres que estão rompendo barreiras, como ela costuma dizer. Cafeicultora no Sítio Beija Flor, em São Tomás de Aquino (MG), Brenda se descreve como uma gestora tecnológica.

Filha e neta de agricultores, ela introduziu o uso de previsões meteorológicas com dados do INMET e do AgriTempo no planejamento agrícola da família, além de utilizar plataformas digitais para buscar serviços, fornecedores, fazer cotações e se atualizar com informações do setor. “Eu uso plataformas como a Broto para buscar equipamentos, insumos, monitoramento climático. Também escuto podcasts para acompanhar o mercado, enquanto estou indo para o trabalho”, diz. Iniciativa do Banco do Brasil para o agronegócio, a Broto tem hoje público majoritariamente feminino e, em 2024, movimentou 5 bilhões de reais em negócios.

A jovem já tinha uma graduação quando decidiu estudar engenharia agronômica e se envolver nos negócios da família. Uma das primeiras dificuldades foi convencer o pai a embarcar nas novidades propostas para a gestão do sítio. “Eu tive essa própria resistência dentro da minha casa. E profissionalmente também vejo essa resistência. Eu falo por mim e por várias outras histórias que acompanhei”, afirma.

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Segundo ela, a capacidade da mulher ainda é posta em dúvida. “A mulher tem que mostrar que é competente para gerir uma propriedade, para produzir, para comercializar”, diz. Além de produtora rural, Brenda é analista de sinistros rurais em uma seguradora e bolsista de iniciação científica pelo CNPq, com uma pesquisa voltada à importância do seguro agrícola na cafeicultura.

A presença crescente das mulheres no agro também se reflete em outro dado do estudo da Macfor: 75% dos cadastros no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) são realizados por mulheres — uma evidência de sua maior proximidade com a digitalização do setor. A maior parte desses processos, como o registro de estabelecimentos e produtos, é feita por meio de plataformas digitais como o SIPEAGRO e o Gov.br.

Profissionalização do agronegócio

A mentalidade aberta ao novo tem impacto direto na profissionalização do agro, diz Nathalia Maestrelo, sócia da Auddas, empresa de consultoria com foco em governança, gestão e M&A.  Nathalia que é responsável por todas as fusões e aquisições conduzidas pela Auddas no mercado agro tem testemunhado o crescimento da participação de mulheres em projetos relevantes, inclusive liderando negociações importantes. “A mulher tem uma abordagem estratégica, com foco nas pessoas, e na sustentabilidade do negócio”, diz.

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A busca por uma estrutura mais profissional é o caminho para alcançar novos patamares e destravar oportunidades que estavam fora do alcance. “Se você se permitir em ter uma consultoria, ou se permitir em profissionalizar, se permitir crescer, é extremamente relevante, porque te permite abrir coisas novas e coisas que você não estava alcançando. E, inclusive, créditos.”

Nesse movimento de profissionalização do setor, ela diz que a tecnologia deixou de ser um diferencial e se tornou o alicerce da confiança no campo e fora dele. “É o que dá confiança. Quando conseguimos estruturar tudo isso dentro de uma companhia, os fundos de investimento ou empresas interessadas em aquisições enxergam muito mais confiabilidade no processo”.

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