O encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, nos Estados Unidos, está focado nas repercussões econômicas das políticas comerciais do governo de Donald Trump, segundo avaliação de Christopher Garmandiretor-executivo para as Américas da Eurasia Group — parceira oficial de conteúdo do jornal WW, da CNN Brasil.
O principal tema em debate é o impacto do “tarifaço” anunciado em 2 de abril e as possíveis ações futuras da administração americana. Garman aponta uma tendência positiva: “Trump está ficando com medo do estrago econômico que o governo dele causou”, o que se reflete em sinais de recuo nas tarifas sobre produtos chineses.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, tem buscado acalmar os mercados financeiros, sugerindo avanços nas negociações comerciais. Além disso, Trump indicou que não pretende demitir o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
Desaceleração econômica e conflitos geopolíticos
Apesar desses sinais, Garman ressalta que o dano econômico já está feito. “As tarifas ainda permanecem em um patamar muito elevado e a possibilidade de os Estados Unidos entrarem numa recessão é grande”, alerta. “O debate agora gira em torno da intensidade dessa desaceleração na economia americana e global”, acrescenta.
Para o diretor da Eurasia, um tema mais profundo em discussão é se o mundo está entrando em um ciclo de conflitos geopolíticos maiores, especialmente entre Estados Unidos e China.
“Essa é uma visão que nós, da Eurasia Group, compartilhamos: a de que o mundo está caminhando para um ciclo de conflitos geopolíticos maiores, menos crescimento e taxas de juros reais mais elevadas”.
Impactos para o Brasil
Para o Brasil, esse cenário pode não ser necessariamente negativo no curto prazo. Garman explica que “o real permanece no patamar estável até porque o dólar está se enfraquecendo”. Além disso, o país pode experimentar um “choque deflacionário global com menos preços de commodities e produtos mais baratos vindo da Ásia”.
Esse contexto pode ser favorável para Lula, considerando que a inflação é um ponto sensível politicamente. No entanto, Garman alerta que a relação do Brasil com a China pode se tornar um “ponto espinhoso” nas relações com os Estados Unidos, já que Washington deve pressionar seus parceiros comerciais a reduzir laços econômicos com Pequim.